terça-feira, 21 de maio de 2013

Picos Urbion - Nascente rio Douro

Olá,

"Como é que te lembraste disto?"

Tudo começou devido a uma hérnia discal bastante aborrecida que, além de me chatear durante algum tempo, permitiu, entre outras coisas, seguir o percurso do rio Douro (via google maps) desde a foz até à nascente. Porquê? Quero acreditar que foi devido ao meu gosto por mapas, geografia e conhecer a foz do rio Douro desde pequenino, e não devido ao meu estado mental nessa altura... :)

Na minha jornada pelo maps fui registando as principais cidades por onde o rio passa e quando cheguei à nascente deparei - me com as diversas fotos do local...e..., nasceu uma aventura...

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2013 foi então o ano para colocar em marcha a ideia que tinha nascido há 4 anos.

O rio Douro nasce a cerca de 2140m de altitude nos Picos de Urbion, em Sória, Espanha. A viagem de 5 dias além de ter uma componente recreativa teve também um prémio de montanha de primeira categoria e com grande risco de neve...e que acabou por aparecer...

 A viagem foi distribuida por Porto - Zamora - Aranda de Duero - Vinuesa - Tordesilhas - Miranda do Douro (Sendim) e Porto, contando com a participação dos aventureiros Ricardo, Diana, Sérgio, Dóris, Lúcio, Sá e Paulo.

Fica a nota, a única portagem foi a A4, em Portugal.

Feita a introdução, foi então altura de por os pés ao caminho e o primeiro dia tinha no programa uma caminhada em Montezinho e dormida em Zamora. Após a saída do Porto tivemos a primeira paragem técnica na Albufeira do Azibo onde tiramos a primeira foto de grupo.



A registar neste local a verdura, a água (no Verão deve ser um local muito concorrido) e a procura desesperada por uma cache que nunca apareceu :) Quem vê estas fotos pensa " - é cada pancada..."







Enquanto uns procuravam a cache, outros apontavam a direcção onde estava o carro ou então o caminho para casa....relógios com GPS é o que dá... (uma private para o Paulo)


Provavelmente o que Paulo estava a indicar era a direcção de Montezinho que foi para lá que seguiu a caravana. Em Montezinho tinhamos à nossa espera o PR Porto Furado (Cache), com o devido reforço e a foto de grupo.



Algumas curiosidades do percurso podem ser vistas nas Fotos como a couve galega, o restaurante Lagosta Perdida (mesmo perdida...o mar ainda ficava longe), a barragem da Serrada, a paisagem, os troncos das árvores cortados, piscina rural e claro, a pesquia pela cache...mas desta vez não escapou.





Já em jeito de partida para Zamora, ainda tivemos direito a beber uma cerveja com os da terra, show de bola e uma breve passagem por França...




Em Zamora ficámos no hotel Jarama, fica a 10 minutos a pé do centro da cidade. Em termos de preço e qualidade julgo estar equilibrado.
Como primeiro desafio da noite tivemos que desencantar um local para jantar...em Espanha...tarefa difícil...
Lá arriscamos um restaurante El Comado no centro, mas foi um pouco fraquito. Ainda por cima comemos cá fora e com frio, como se pode ver pela foto.



E estava feito o primeiro dia.

No segundo dia a malta tinha pela frente um percurso pedestre por Zamora e uma viagem de 300km para Vinuesa (com paragem em Aranda de Duero).
Antes de começar a caminhar, é preciso reforçar e para isso abancamos numa padaria local para tomar o pequeno-almoço. Apenas havia só uma funcionária na padaria e a pobre rapariga já bufava por todos os lados...deve ter sido o pequeno-almoço mais longo que já tive! No final lá pagamos mas ainda mandamos uns bitaites e tal...


Zamora é um cidade muito arrumadinha, com umas belas vistas para o rio Douro e carregada de monumentos com muita construção em pedra. Na minha opinião uma cidade que merece uma visita.


Podem ver mais fotos aqui. A melhor foto em Zamora? Sem dúvida esta....dois grandes amigos!


No caminho para Vinuesa ainda tivemos tempo para parar em Aranda de Duero e ter contacto com um rio Douro mais timido...já parecido com o nosso rio Leça, mas mais limpinho :)


Já em Vinuesa foi tempo de arrumar a bagagem e procurar um sítio para jantar. Ficámos alojados no Hotel Virginia. Num primeiro contacto, Vinuesa já deixava transparecer o seu ar típico de montanha, frio e sossegado.



 Com a experiência do dia anterior no que toca a jantares já estávamos preprarados para o pior, mas acabamos por descobrir (também graças à lata do Lúcio) o Santo Graal dos restaurantes de montanha... o Asador Eguren.
Enfiado atrás de uma curva lá estava este recanto que se tornou a nossa segunda casa, sim, porque no dia seguinte também lá fomos jantar, mas isso conto mais à frente. :)
Ora quatro paredes com ar de taberna chamuscada, quatro cantos e um deles artilhado com o precioso assador com o seu comandante. A especialidade? Carne na brasa, salada, pão e vinho...a sair directamente da brasa para o prato. Foi a desbunda. Cada pessoa pagou 15€, mas a malta ficou atestada.

Recomendo!





Com a barriga cheia de "chuletão" lá terminávamos o nosso segundo dia de aventura. O pessoal recolheu aos quartos para fazer a digestão do jantar e acordar bem cedo para o grande dia, a subida à nascente do rio Douro.

A ascensão à nascente estava prevista ser feita pela Laguna Negra, no entanto tivemos que optar por um plano B devido a um factor inexperado, ou parcialmente inexperado, a neve...
Para nossa grande surpresa, quando chegamos ao parque de estacionamento que dá acesso até à Laguna Negra, este, estava cheio de neve....e os turistas, não vinham preparados para a neve...





A caminhada até à Laguna Negra também não foi fácil, pois havia bastante gelo...









Depois da sessão de fotos na lagoa, foi então tempo de iniciar o trilho que nos levaria até ao cimo da montanha, mas...passagem bloqueada...foi a desilusão total...



Sim o caminho para a nascente era por esta ponte....e Paulo, certo, fica para aquele lado...mas por aí não dá! :)


A tristeza era grande...havia já quem comesse gelo para apaziguar a dor...


Ainda perguntamos a uns caminhantes que vinham a descer a montanha, todos atrilhados, se era seguro prosseguir por ali. Eles olharam para nós de alto a baixo e a cara deles foi clara - "Assim equipados? Nem pensar..."

Bem, teríamos então que pensar num plano B. Começamos a ver alternativas e descobrimos um percurso pedestre do outro lado da montanha. Foi necessário voltar aos automóveis. A esperança voltava a renascer!


Mapa da zona

Já do outro lado da montanha e com a motivação novamente no máximo lá iniciámos a ascensão ao topo, mas rapidamente iríamos ser confrontados com a neve.





No inicio parecia acessível, mas mais para o final começou a piorar e o trilho começava a ficar tapado com a neve. O risco da malta se aleijar era elevado, então decidimos voltar para baixo, ficando a cerca de 2km do topo. Descemos tristes por não ter chegado ao topo, mas contentes pelo dia desafiante que tivemos.










Ainda houve tempo para umas brincadeiras e para conhecer o parque Castroviejo





Sim Paulo, é para aquele lado :)












Dia desafiante merece um jantar à altura, e como não podia deixar de ser, lá fomos nós bater à porta do nosso amigo Asador Eguren :) Desta vez tivemos direito a negociar o preço e a truque de magia!







No dia seguinte fizemos um passeio pedestre por Vinuesa. É um lugar com todas as características de montanha, neve, água, verde, árvores, animais, sossego e ar.





e seguimos em direção a Sendim com almoço no Parque Natural del Canon Del Rio Lobos



e um breve paragem em Tordesilhas



Em Sendim, ficámos na Pensão Gabriela com direito a posta e pequeno almoço com mokambo e torradas com manteiga






Termino assim esta aventura com o sentimento de missão não cumprida mas com bagagem cheia de boas recordações e mais uma razão para voltar.
Fica aqui o vídeo ao som dos Creedence Clearwater Revival

De Picos Urbion - Nascente rio Douro


Já agora, sabem porque se chama rio Douro(Duero)? O que é a GR14?....algumas curiosidades para eventuais próximas aventuras :)



Ricardo